Neoplasias malignas do rim apresentaram incidência crescente ao longo das últimas décadas, numa média de 2% ao ano. Câncer renal em adultos corresponde a 2 a 3% de todas as neoplasias malignas, com estimativa de cerca de 57 mil novos casos nos Estados Unidos e quase 13 mil óbitos pela doença em 2009. É o mais letal dos cânceres urológicos; tradicionalmente, mais de 40% dos pacientes morrem da sua doença, em contraste com 20% de mortalidade associada aos cânceres de próstata e de bexiga. Tumor renal é duas a três vezes mais frequente em homens, sendo mais prevalente dos 50 aos 70 anos. Câncer de rim pode ser esporádico ou estar associado a fatores genéticos/hereditários (como doença de VonHippel-Lindau e carcinoma renal hereditário), insuficiência renal crônica, doença renal cística adquirida e esclerose tuberosa. Tabagismo é um fator de risco definitivo para câncer renal – duplica a chance de desenvolvimento desse tumor e contribui com pelo menos um terço de todos os casos. Outros fatores relacionados, porém não esclarecidos definitivamente, incluem obesidade, hipertensão arterial, cádmio, derivados da gasolina e de chumbo, irradiações e terapêutica com estrogênios. O aumento na incidência dos tumores renais se deve ao uso mais prevalente de ultrassonografia (US) e de tomografia computadorizada (TC) para avaliação de uma variedade de queixas abdominais ou gastrintestinais. No entanto, aumento dos diagnósticos de tumores assintomáticos não tem sido acompanhado de redução concomitante nas taxas de mortalidade.
Uma pesquisa com base na comunidade de homens entre 40 e 70 anos, 52% dos entrevistados informaram algum grau de disfunção erétil: 17% leve, 25% moderada, e 10 % grave. Entre as condições mais relacionadas de disfunção erétil estão a hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, tabagismo, obesidade/sedentarismo, tratamento de neoplasias pélvicas, HPB e medicamentos (antidepressivos, anti-hipertensivos, anticonvulsivantes, antipsicóticos). A avaliação laboratorial mínima: glicemia, perfil lipídico, testosterona total e livre. Em pacientes jovens e com poucos fatores de risco, é recomendável que se investigue mais profundamente, buscando dar um diagnóstico preciso e um prognóstico em relação ao tratamento. Nesses casos devemos fazer um TEFI com doppler e perfil laboratorial. O estudo da tumescência peniana noturna também pode ser realizado. Se esses exames estiverem normais, o paciente até pode fazer uso de medicação oral, porém é recomendável que ele seja encaminhado a um psicoterapeuta. O tratamento da disfunção erétil baseia-se de uma maneira prática em mudanças dos hábitos de vida, medicações orais, terapia com ondas de choque, terapia por injeção intra-cavernosa (TEFI) e prótese peniana. O uso das medicações para disfunção erétil tem algumas contra-indicações absolutas e relativas que devem ser de conhecimento dos médicos urologistas.
Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) caracterizam-se pela transmissão preferencial por meio do ato sexual. Infecção sifilítica foi uma das principais doenças de grandes morbidade e mortalidade na civilização por sua disseminação sua extensão e gravidade na evolução natural às fases secundária e terciária. Nos dois últimos séculos, às quatro “moléstias clássicas” acrescentaram-se algumas categorias de hepatite e de infecções por protozoários e virais, como vírus da imunodeficiência humana (HIV) e papilomavírus (HPV). Estatísticas apontam maior incidência de algumas DSTs na Região Nordeste e ainda focos urbanos importantes de doenças com repercussões mais sérias, como no Recife, onde estão um dos maiores índices mundiais de infecção pelo HPV e altíssima incidência de câncer de colo uterino, maior que o câncer de mama, mais prevalente como câncer ginecológico nas outras regiões do Brasil e do mundo. Em relação ao HPV, há maior incidência na raça negra, enquanto em povos e em países que praticam circuncisão em massa sua incidência é pífia. Nos últimos 20 anos, houve aumento na infecção pelo HIV. Nas últimas três décadas também notamos aumento no número de infecção pelo HPV, tornando-a a primeira DST em incidência, com risco de 40 a 50% entre 15 a 25 anos e maior prevalência em mulheres nessa mesma faixa etária. Papilomavírus ainda trazem a preocupação de sua associação com câncer de colo uterino em mais de 90% dos casos e com participação expressiva nos cânceres da região anal, cavidade orofaríngea, cabeça, pescoço e esôfago.
Hidrocele:
Acúmulo de líquido peritoneal ao redor do testículo, no interior da túnica vaginal, devido à persistência total ou parcial do processo vaginal, que acompanha o testículo na sua migração para o escroto. O diagnóstico é feito através de exame físico, palpação de bolsa escrotal com massa indolor aderida ao cordão espermático, localizado desde junto do testículo até o orifício externo do canal inguinal. Como exame de imagem indica-se a ultra-sonografia de bolsa testicular com doppler, necessária para excluir massas sólidas (sarcoma de cordão espermático, massas paratesticulares) ou hérnia inguinal. O tratamento consiste na observação nos casos de pequeno volume e cirurgia de hidrocelectomia nos casos de grande volume, pois muitas das vezes causa um grande desconforto ao paciente.
Varicocele:
Existe uma associação de varicocele e infertilidade muito embora 70% dos portadores de varicocele sejam férteis. A varicocele é a causa tratável mais comum de infertilidade masculina. A varicocele é a dilatação, alongamento e tortuosidade da veia espermática interna (plexo pampiniforme), mais comum à esquerda. Ela incide em cerca de 10 a 20% dos homens, podendo ser diagnosticada em qualquer fase da vida. Seu surgimento na puberdade está, provavelmente, relacionado com as mudanças fisiológicas que ocorrem, sendo raro observar em meninos com menos de 9 anos de idade. A provável causa da varicocele é a estase e/ou refluxo de sangue para as veias gonadais transmitindo-se para os testículos. As teorias mais aceitas são a incompetência ou ausência das válvulas da veia testicular e o diferencial de pressão durante a drenagem das veias gonadais para a cava e a veia renal. As evidências indicam que a varicocele pode alterar a produção de espermatozoides, muitas vezes resultando em infertilidade. A fisiopatologia da infertilidade causada pela varicocele é controversa e não existe um consenso. Das várias hipóteses descritas as mais aceitas são a elevação da temperatura testicular causada pela estase do sangue no plexo pampiniforme que alteraria a função das células germinativas; esta mesma estase levaria a um edema intersticial que provocaria uma hipoxia testicular com subsequente dano ao tecido testicular; o refluxo de sangue da veia renal para a gonadal traria metabólicos renais e adrenais (esteroides e catecolaminas) para dentro do testículo causando efeitos deletérios para a espermatogênese. A varicocele sem alterações seminais não é suficiente para indicação de correção cirúrgica em casos de infertilidade conjugal. O tratamento cirúrgico da varicocele está indicado em homens adultos casados com infertilidade e alterações seminais ou solteiros com alterações seminais.
A hiperplasia benigna da próstata (HBP) é uma condição clínica frequente, acometendo mais de 50% dos homens a partir dos 60 anos de idade. Suas manifestações clínicas ocasionam sintomas urinários, piorando a qualidade de vida. Cerca de 30% dos homens irão tratar os sintomas decorrentes da HBP e 10% serão submetidos a cirurgia. Uma combinação de envelhecimento e de androgênios testiculares é necessária para ocorrer HBP. Inicia-se como uma proliferação do estroma, músculo e epitélio da região periuretral (zona de transição), que leva a obstrução do fluxo urinário, elevação da pressão vesical e hipertrofia do detrusor (músculo da bexiga). Os sintomas podem ser divididos em: armazenamento e esvaziamento. Essa classificação tem implicações práticas. Primeiro, as intervenções cirúrgicas tendem a se acompanhar de melhores resultados quando as queixas de esvaziamento predominam. Em segundo lugar, quando o quadro de armazenamento prepondera, devemos afastar doenças como bexiga hiperativa, infecção urinária, litíase vesical e carcinoma in situ vesical.A resseção transuretral da próstata (RTUP). É o padrão-ouro no tratamento para a HBP. Aplicada a próstatas < 60 g, apresenta melhora em todos os parâmetros analisados: sintomas (85 a 90%), fluxo urinário (95%). Complicações, ao redor de 5%, podem ocorrer como hemorragia, síndrome da intoxicação hídrica, disfunção erétil (3%), ejaculação retrógrada (75%) e incontinência urinária (1%). A taxa de reintervenção cirúrgica em 10 anos é de 25%.
A infecção urinária é uma patologia com grande prevalência na população, atingindo ambos os sexos, em todas as faixas etárias, sendo sempre consequente à contaminação de agentes agressores, exteriorizando-se com quadros clínicos simples e isolados, com pequena ou nenhuma repercussão clínica até quadros complexos, de extrema gravidade, associados a outras patologias, principalmente aquelas ligadas ao sistema urinário. Em relação à bacteriologia, verificamos predominância da Escherichia Coli em 80%, e algumas bactérias podem significar a presença de patologia específica, como o Proteus Mirabilis, ligado à presença de cálculo. As infecções urinárias simples, denominadas cistites, atingem o trato urinário inferior (uretra e bexiga) com pouca repercussão clínica. Porém, quando acompanhadas de febre e/ou dor lombar, indicam comprometimento do trato urinário superior, com queda do estado geral, sinalizando maior gravidade da infecção, em alguns pacientes com quadro séptico de difícil tratamento. O tratamento da infecção urinária objetiva a erradicação das bactérias presentes na urina, o que é feito com a utilização de agentes bactericidas, associada à correção dos possíveis fatores predisponentes da invasão bacteriana, desde o simples tratamento dos processos vaginais na mulher, normalização de quadros metabólicos alterados até a realização de cirurgias complexas para a correção de anomalias do sistema urinário. A escolha do agente bactericida varia principalmente com a gravidade do processo infeccioso, preferências individuais da classe médica e características necessárias a cada paciente, como o tempo e intensidade do tratamento. Atualmente, as drogas mais utilizadas são as quinolonas e recentemente passou-se a novamente valorizar o emprego da macrodantina, pela sua alta sensibilidade.
Distúrbios das glândulas adrenais resultam em síndromes endócrinas clássicas como síndrome de Cushing, hiperaldosteronismo e excesso de catecolaminas por feocromocitoma. Tumores que acometem as glândulas adrenais no córtex e na medula atingem áreas de intensa atividade endócrina, podendo ter expressão metabólica expressiva. Muitas vezes, são difíceis de ser categorizados como benignos ou malignos tanto do ponto de vista clínico (por meio dos exames laboratoriais e de imagem) como no próprio exame anatomopatológico após sua remoção cirúrgica. Além dos tumores do tecido adrenal (cortical e medular), outras lesões também podem causar aumentos volumétricos da glândula.
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Dr. Rodrigo Braz de Queiroz – CRM: 12962/DF