Olá, eu sou o Dr. Rodrigo Braz, médico urologista, especialista em cirurgias minimamente invasivas e neste artigo vamos falar tudo sobre o que é biópsia e a diferença entre biópsia transperineal de biópsia transretal.
A biópsia de próstata é um procedimento essencial para o diagnóstico do câncer de próstata, uma das neoplasias mais comuns em homens. Quando o exame de toque retal ou o PSA (Antígeno Prostático Específico) apresentam alterações, a biópsia de próstata se torna necessária para confirmar ou descartar a presença de células cancerígenas. No entanto, existem diferentes técnicas para realizar esse procedimento, sendo as principais a biópsia transperineal e a biópsia transretal. Cada uma tem suas particularidades, vantagens e limitações. Vamos explorar este tema a fundo, com dados estatísticos relevantes e um olhar para as técnicas mais modernas utilizadas atualmente.
O Que é Biópsia de Próstata?
A biópsia de próstata é um procedimento médico que consiste na coleta de pequenas amostras de tecido da próstata para análise laboratorial. O objetivo principal é identificar a presença de células cancerígenas e, em caso positivo, determinar o grau de agressividade do tumor (Escore de Gleason).
As principais indicações para a realização da biópsia de próstata incluem:
- Elevação do PSA no sangue.
- Alterações no exame de toque retal.
- Presença de lesões suspeitas identificadas em exames de imagem, como ressonância magnética.
A biópsia transretal é a técnica mais tradicionalmente utilizada para a coleta de amostras da próstata. Nesse procedimento:
- Uma sonda de ultrassom é inserida no reto para visualizar a próstata.
- Uma agulha fina é guiada através da parede do reto até a próstata para coletar as amostras.
- Geralmente, são coletadas de 12 a 14 amostras de diferentes regiões da próstata.
Vantagens da Transretal:
- Procedimento relativamente rápido e simples.
- Pode ser realizado com anestesia local ou sedação leve.
- Amplamente disponível na maioria dos centros médicos.
Limitações da Transretal:
- Maior risco de infecção, uma vez que a agulha atravessa a parede do reto, onde há uma concentração significativa de bactérias.
- Dificuldade em acessar algumas regiões da próstata, especialmente a parte anterior.
- Maior desconforto para o paciente durante e após o procedimento.
A biópsia transperineal é uma técnica alternativa que tem ganhado popularidade nos últimos anos. Nesse procedimento:
- A agulha é inserida através da pele do períneo (área entre o escroto e o ânus) para alcançar a próstata.
- O trajeto é guiado por ultrassom transretal ou, em técnicas mais avançadas, por fusão de imagens de ressonância magnética e ultrassom.
- Podem ser coletadas amostras de todas as regiões da próstata, incluindo a parte anterior.
Vantagens da Transperineal:
- Menor risco de infecção, uma vez que a agulha não atravessa o reto.
- Melhor acesso a todas as regiões da próstata, incluindo a zona anterior, onde cerca de 30% dos tumores podem estar localizados.
- Maior precisão na coleta das amostras, especialmente quando combinada com ressonância magnética.
- Possibilidade de mapear com maior exatidão a localização das amostras coletadas.
Limitações da Transperineal:
- Geralmente requer anestesia geral ou sedação profunda.
- Procedimento mais demorado e tecnicamente mais complexo.
- Pode não estar disponível em todos os centros médicos.
Uma evolução significativa no campo da biópsia de próstata é a por fusão, que pode ser realizada tanto pela via transretal quanto pela via transperineal. Nessa técnica:
- É realizada uma ressonância magnética da próstata antes da biópsia.
- As imagens da ressonância são “fundidas” com as imagens do ultrassom em tempo real durante o procedimento.
- A fusão permite direcionar a agulha com maior precisão para as áreas suspeitas identificadas na ressonância.
Vantagens da Biópsia por Fusão:
- Maior precisão na detecção de tumores clinicamente significativos.
- Menor número de amostras necessárias, reduzindo o desconforto e os riscos para o paciente.
- Melhor caracterização do tumor, permitindo um planejamento mais adequado do tratamento.
Dados Estatísticos Relevantes no Brasil
- O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.
- Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se cerca de 65.840 novos casos de câncer de próstata por ano no Brasil.
- A taxa de detecção de câncer de próstata na biópsia transretal convencional é de aproximadamente 30-40%.
- A biópsia transperineal está associada a uma taxa de infecção menor que 0,5%, em comparação com 1-7% na biópsia transretal.
- Estudos mostram que a biópsia transperineal pode aumentar a detecção de tumores na zona anterior da próstata em até 25%.
Qual Método é Mais Adequado?
A escolha entre a biópsia transretal e a biópsia transperineal depende de vários fatores, incluindo:
- Disponibilidade da técnica no centro médico.
- Experiência do urologista com cada método.
- Características específicas do paciente, como tamanho da próstata, localização da lesão suspeita, e risco de infecção.
- Preferência do paciente, após discussão detalhada sobre os riscos e benefícios de cada abordagem.
Em geral, a tendência atual na urologia moderna é a preferência pela biópsia transperineal, especialmente em centros que dispõem de tecnologia avançada, como a fusão de imagens. No entanto, a biópsia transretal ainda é uma opção válida e amplamente utilizada em muitos serviços.
A biópsia de próstata é um procedimento essencial no diagnóstico do câncer de próstata. A escolha entre a biópsia transperineal e a biópsia transretal deve ser individualizada, considerando as vantagens e limitações de cada técnica, as características específicas do paciente e a expertise do urologista.
A urologia moderna tem avançado significativamente nessa área, com técnicas como a biópsia por fusão que permitem um diagnóstico mais preciso e personalizado, melhorando o plano terapêutico e os resultados para os pacientes.
Se você está em uma situação em que a biópsia de próstata é necessária, não hesite em discutir com seu urologista as diferentes opções disponíveis, os riscos e benefícios de cada abordagem, e qual seria a mais adequada para o seu caso específico.
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